Local: Auditório (Pavilhão de Aulas Glauber Rocha, antigo PAF III)
Resumo: Esta mesa temática tem como objetivo apresentar discussões geradas pelo grupo de pesquisa que vem desenvolvendo, desde 2012, o estudo “Trajetórias acadêmicas e construção de significados e sentidos na transição dos Bacharelados Interdisciplinares (BIs) à formação em Psicologia” financiado pelo Edital PROUFBA 01/2011. Partindo de uma investigação exploratória, buscamos entender como a operacionalização do REUNI, particularmente no que se refere aos BIs da UFBA, repercutiu no cotidiano educacional da universidade, gerando um conjunto de reflexões sobre várias dimensões do ensino. Buscamos, assim, contribuir para o processo avaliativo do ensino de graduação na universidade pública brasileira. Na primeira etapa, fizeram parte da equipe de execução do estudo duas professoras, doutorandos e graduandos. Utilizamos o modelo teórico-metodológico de sistema de signos, significados e práticas que enfatiza a produção do conhecimento nos níveis factual, narrativo e interpretativo. Recorremos a noções das obras de Michel Foucault e Pierre Bourdieu para discutir os achados. Entrevistamos estudantes egressos do BI na transição para o curso de Psicologia e estudantes do curso de Psicologia que ingressaram diretamente pelo vestibular. Além disso, notamos significativa evasão de estudantes do curso de Psicologia e este aspecto também foi por nós abordado. Até o momento, foram publicados quatro artigos decorrentes desta investigação sobre aspectos relacionados à implantação dos BIs-UFBA, criação da área de concentração Estudos sobre a Subjetividade e Comportamento Humano e sobre o papel da formação interdisciplinar no processo de escolha profissional. Dentre os resultados, destacamos: os egressos do BI acompanharam satisfatoriamente os componentes curriculares da matriz curricular da Psicologia, sem diferença significativa em relação às médias de aprovação (notas) de estudantes que ingressaram diretamente no curso. O egresso do BI pode concluir o curso de Psicologia, cuja duração mínima é de cinco anos, cumprindo mais três ou quatro anos, dependendo da trajetória inicial. Ao término, terá dois diplomas, com a vantagem de ter feito uma escolha profissional amadurecida e consciente dentro da universidade. A perspectiva do BI tornar-se o primeiro ciclo da formação universitária ainda não aconteceu na UFBA, tendo sido acompanhada por movimentos de apoio e resistência, que sugerem grandes desafios institucionais. Contudo, já produziu vigorosa revisão de normas e regras há muito tempo naturalizadas e tem possibilitado reflexões sobre a concepção tradicional da formação universitária no Brasil. As trajetórias interrompidas (evasão) dos entrevistados em relação ao curso de Psicologia não indicam fracasso pessoal e possibilitam repensar a evasão como reorientação da carreira profissional. A formação interdisciplinar destes egressos favorece uma afiliação afetiva autônoma e flexível. A existência dos BIs tem gerado efeitos que vão desde a articulação com cursos existentes, trânsito de estudantes em diferentes unidades acadêmicas, até a real possibilidade de exercitar o protagonismo discente, na medida em que eles(as) escolhem trajetos curriculares, com controle e decisão sobre diferentes modos de finalização ou continuidade de estudos. Por fim, destacamos a importância do processo de escolha profissional iniciado por uma formação interdisciplinar como relevante para compreender novos arranjos e formas de inserção nas instituições de ensino superior e no mundo do trabalho.