Local: Auditório (Faculdade de Arquitetura)
Resumo: Estudo teórico da noção de “prática como critério de verdade”, aprofundando o entendimento desta categoria (a) no debate acumulado na história da filosofia e na filosofia da ciência, com destaque para o idealismo alemão e o materialismo francês; (b) na obra de Marx e Engels, (c) na forma da sua apropriação pelas proposições que sustentam as posições histórico-críticas sobre a formação de professores no Brasil, (d) nas Teses e Dissertações produzidas com a explícita finalidade de discutir a prática como norteadora da formação de professores. Perguntamos pelo significado da expressão de uso corrente “a prática é o critério de verdade”. Reconhecendo o significado desta expressão para os que investigam e atuam orientados pelas diferentes correntes do marxismo, retomamos o aparentemente conhecido na obra clássica de Marx e Engels perguntando pela conjuntura e pelo significado da II Tese Sobre Feuerbach “A questão de saber se ao pensamento humano cabe alguma verdade objetiva [gegenständliche Wahrheit] não é uma questão da teoria, mas uma questão prática”? O que significa no conjunto dos supostos da Concepção Materialista e Dialética afirmar que o critério de verdade é a prática? Como a prática é categorialmente construída na obra de Marx e Engels nos anos 40 e como esta noção vai ser desdobrada nas obras posteriores? Aqui, desejamos analisar detalhadamente o significado deste, que, a nosso ver, é o ponto de demarcação entre a Dialética Idealista e a Dialética Materialista, almejando o aclaramento da especificidade com que a Concepção Materialista e Dialética contribui para a resposta às perguntas sobre o ser, a possibilidade do conhecimento e o critério de verdade. Neste âmbito o fazer imediato (o trabalho pedagógico, o planejamento do ensino) ocorre em um conjuntura determinada pelo estágio de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção que produzem em cada estágio uma superestrutura política e jurídica profundamente integrada a estas relações de produção. Esta dimensão ampliada de prática (defendemos, própria do marxismo clássico), entretanto, não é sempre apropriada, incorrendo-se em uma análise que reduz a prática ao fazer imediato (em perpectivas empiristas e pragmáticas) dissociado das relações históricas que a determinam, configurando-se uma formação alienada em relação aos problemas objetivos nos quais desenvolvem-se o trabalho pedagógico empreendido pelos professores. Nossa tese é que a formação de professores deve se dar contemplando a prática, tal como proposta por Marx e Engels, como totalidade histórica na qual as ações dos homens se fazem determinadas pelo passado e que este ato deve estar explícito em conteúdos curriculares que viabilizem apreender o trabalho pedagógico do professor como um trabalho integrado à e determinado pela lógica do modo capitalista de produção da existência, devendo ser adequadamente apreendido pelos professores em formação e explicado pelos pesquisadores como parte da economia política. Esta pesquisa subsidia disciplinas de graduação e pós-graduação que têm como foco os fundamentos histórico-filosóficos para a teoria do conhecimento, as abordagens, os métodos e as técnicas de pesquisa que estão em uso na formação de professores.