Local: Auditório 1 (PAF V)
Resumo: Pretende-se na mesa proposta oportunizar a difusão (e o debate) de pesquisas que vem sendo desenvolvidas pelo Programa Integrado Comunidade, Família e Saúde (FASA) do ISC UFBA ao longo de uma trajetória de 16 anos, focalizando, particularmente, estudos que abordam as temáticas: desigualdade racial, vulnerabilidade e políticas públicas. Na apresentação pretende-se destacar duas experiências especialmente exitosas de articulação e imbricamento entre pesquisa e ação/implicação abordando, respectivamente, Itinerários e Cuidado Integral em Doença Falciforme e Juventude Negra, Violência, Racismo Institucional e Rede de Proteção Social. No primeiro caso, o FASA a partir de uma primeira pesquisa, iniciada em 2009, estabeleceu uma parceria muito sólida com a coordenação do Programa de Atenção a Pessoas com Doença Falciforme – PAPDF (SMS/Salvador) e com a Associação Baiana de Pessoas com Anemia Falciforme – ABADFAL. Ao longo de sete anos, desenvolvemos pesquisas abordando Acessibilidade, Equidade e Cuidado Integral em Doença Falciforme, que geraram publicações importantes, dissertações, monografias de especialização, superando lacunas do conhecimento sobre este agravo. Simultaneamente, foram realizadas várias ações conjuntas (Café Colaborativo, Semanas de Mobilização, Guia de Serviços em DF etc.) com repercussões positivas para a melhoria da qualidade de vida e assistência às pessoas com doença e no combate ao racismo institucional, considerado um dos entraves à implementação do cuidado integral neste campo. Paralelamente, produzimos. Os estudos com foco na juventude negra tiveram início em 2013, mas, ganharam densidade a partir de pesquisa em rede abordando o tema da vulnerabilidade social e discriminação racial com adolescentes e jovens (15 e 29 anos) da região Nordeste do Brasil (2015). O projeto conta com um acervo de estratégias metodológicas que integra estudos de corte populacional, voltadas para dimensionar a vulnerabilidade social da juventude negra na Região Nordeste e estudos qualitativos/etnográficos centrados em determinados territórios e/ou sujeitos. Tem sido especialmente exitosa a experiência da etnografia no bairro do Calabar, Salvador. Visando possibilitar a construção de um saber coparticipado, o projeto tem mobilizado um repertório variado de estratégias de ação e interlocução com as lideranças e jovens locais (que constantemente se reinventa) incluindo uma agenda de eventos culturais (oficinas de grafite, “Rua da Dança”, “Baile Africano”), combinadas com rodas de conversa abordando sentidos e vivencias de identidade, racismo e de resistência frente à vulnerabilidade social e discriminação racial. O respeito à autonomia e ao pertencimento das narrativas que nos chega, destacando-se aqui identidade de raça e de gênero, constituem elementos caros na construção de uma comunicação horizontalizada onde a construção do saber se dá a partir de elementos apreendidos na relação empática com os sujeitos nas interlocuções cotidianas. Pretende-se convidar para compor a mesa parceiros da esfera acadêmica e lideranças sociais de ambos os eixos de pesquisa.